Quando os modelos matemáticos convencionais não prevêem, previnem ou remedeiam as crises, e a economia se pretende fazer passar por uma ciência objectiva, com uma visão mecanicista e reducionista (oferta e procura), há que desenvolver novas ferramentas e, acima de tudo uma nova abordagem, um novo paradigma, para perceber o que se passa. A visão neoclássica em que a economia é estável, racional e autorregulada revelou-se enganadora e a parecia mesmo eliminar a necessidade de decisões éticas (cft. Ricardo Espírito-Santo: “A economia é amoral”), levando a reflectir sobre a existência da “mão invisível” que vela sobre os mercados, quando se verifica o comportamento manifestado pelos corretores e instituições financeiras e que grandes firmas da Wall Street (Goldman Sachs, por exemplo) viram provadas acusações de terem enganado deliberadamente os investidores.
O mundo, os ecossistemas, a Sociedade, as comunidades, as pessoas não funcionam de acordo com modelos e teorias. Para lá do racionalismo existe o princípio da incerteza e os “modelos mentais perfeitos de economia” não são tanto teorias científicas mas projeção de ideais abstratos.
A economia deve pôr de lado o modelo ideal de homem económico racional, e passar a ter em consideração o comportamento das pessoas reais, que estão inseridas em redes de dinâmica não-linear. Não deve ser vista apenas como uma competição pelos recursos escassos entre indivíduos desconexos, mas ter em consideração os valores da “ligação”e da sustentabilidade, ou seja, a economia humana no seu contexto mais lato, como parte de um sistema mundial, que é o Planeta Terra, a nossa casa, que devemos tomar conta.

Terra vista da Lua – todos os direitos da imagem pertencem à NASA/Johnson Space Center
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